Ao levar em conta o posicionamento do Ministério Público estadual, o uso das ruas de São Paulo para manifestações políticas também pode estar com os dias contados, o que restringirá ainda mais o acesso ao espaço público da cidade. Segundo o promotor de Justiça de Habitação e Urbanismo,
“É garantido o direito constitucional de expressão em locais públicos, mas não necessariamente no meio da via pública, que é também um meio para o exercício do direito de outras pessoas, como o direito ao trabalho, à educação, à saúde, ao lazer. Isso é um abuso que implica na destruição de direitos de outros”, rebate o promotor.
No entanto, não é o que pensa parte dos magistrados do estado. A Apeoesp (sindicato dos professores da rede estadual), por exemplo, já foi condenada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo este ano a pagar uma multa de R$ 600 mil por conta da greve realizada em março e abril de 2010. O processo foi movido pelo governo do estado e outros R$ 1,5 milhão foram fixados por danos morais. A juíza Raquel Machado Carleial de Andrade também proibiu a entidade de realizar qualquer manifestação que ocupe as ruas e atrapalhe o trânsito.
Para um sindicato que representa aproximadamente 240 mil professores, não ocupar as vias públicas em atos populares pode não ser algo de fácil controle. Além disso, segundo a presidenta Maria Izabel Noronha, a determinação judicial fere um direito constitucional. “Uma passeata é um momento que você mostra para a população que há um descontentamento. Não há nada de desordem, são movimentos organizados cumprindo o seu papel. Essa ação é uma judicialização da política”, argumenta.
Segundo Lopes, todas as entidades que forem notificadas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) ou a PM por causa de obstrução de via pública ao Ministério Público serão investigadas. Ele enumera uma série de áreas públicas que poderiam ser usadas para os protestos, como os parques públicos, o Sambódromo e o autódromo de Interlagos, locais que provavelmente não proporcionariam grande visibilidade às manifestações. Para o DCE da USP, os movimentos sociais não devem se deixar intimidar por medidas como esta “que têm unicamente o objetivo de tentar calar vozes dissidentes na sociedade”. “Faremos o que for necessário pra que isso não avance e continuaremos sim tomando ruas, praças e avenidas na luta por nossos direitos. Inclusive com trabalho de conscientização da população”, promete Boriolo.
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